O Garoto e o saxofone [19] ~ Dando pro Caio!

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Créditos/Fonte: Um conto erótico de Marlon

Ele se aproximou, me abraçou forte e ficamos nos sentindo assim. Depois nos desatracamos, ele desligou a luz, acendeu uma vela, pegou algo na gaveta que eu não pude identificar o que era e se deitou ao meu lado.

Ele nos encobriu com o lençol, pôs o meu rosto sobre o seu peito e começou a enfiar algo no meu ouvido. Era um fone. Ele deu o play e em seguida começou a me fazer cafuné na cabeça. Eu aproximei o meu nariz e o meu queixo no pescoço dele e o abracei.

Ficamos escutando música enquanto ele me acarinhava e consolava sem palavras. Depois eu fiquei puxando a camiseta dele. Queria que ele a tirasse e assim ele o fez. Eu me levantei um pouco e ele tirou a camisa. Depois eu voltei a abraçá-lo e comecei a fazer carinho no seu peito. Dormimos enfim.

Na manhã seguinte, estávamos abraçados. Ele acordou primeiro. Quando abri os olhos, ele estava me observando.

– Bom dia!

– Bom dia, Caio.

– Vem, me abraça forte.

Tudo era bom, mesmo em um clima melancólico:

– Tudo bem?

– Não sei, parece que a ficha não caiu.

– Você ainda não chorou nem nada…

– Acho que tudo que eu tinha para chorar eu já chorei. Chorei antecipadamente. Agora eu não preciso mais chorar.

– Dormiu bem?

– Sim.

Ficamos um tempo abraçados. Depois nos levantamos, nos vestimos de maneira mais composta e fomos tomar café. Os pais do Caio cochichavam antes de termos entrado na cozinha. Eles pararam quando nos viram.

– Bom dia, meninos. Dormiram bem? – perguntou a mãe do Caio.

– Sim. – respondeu o Caio.

– Bom dia. – eu disse.

– Pode se servir, Marlon.

– Obrigado, senhor!

Os pais do Caio ficaram se olhando, me deixando assustado. Parecia que eu era um incômodo.

– Eu sei que eu estou sendo inconveniente, mas eu gostaria de agradecer o apoio de vocês. – eu disse.

– Antes de qualquer coisa, coma com paciência. Sem tensões, sem estresse. Me ouça com atenção: o que aconteceu ontem foi muito surpreendente para nós. Eu me surpreendi com a atitude dos seus pais. Você já deve saber que a partir de agora a sua situação familiar está prejudicada. O que você viveu foi muito traumatizante. Pelo menos eu no seu lugar ficaria abalado. Não ache que você é inconveniente aqui, pois não é. Quantas vezes você dormiu aqui, comeu aqui, passou o dia todo aqui? Não somos ricos, mas podemos levar a vida, se é isso o que te preocupa. – dizia o pai do Caio.

– Tudo me preocupa. Eu não tenho casa agora, nem como me sustentar. Eu só não quero ser um problema.

– Não há problemas aqui. Relaxe. Fique tranquilo. Se for do seu agrado, sua casa é aqui agora. Eu e sua sogra só estamos em casa pela manhã e no fim da noite, portanto não vemos problema em você morar aqui. E mesmo que ficássemos em casa boa parte dos nossos dias, ainda não haveria problema algum. Você é o namorado do meu filho, é um bom rapaz, não temos porque te cobrar um prazo de permanência nem compartilhamento das despesas da casa.

– Nós conversamos a noite toda, Marlon – iniciou a mãe do Caio – e chegamos à conclusão de que não há nenhum problema em você ficar. Você sabe que gostamos muito de você. Felizmente temos um filho muito maduro, que é responsável, é decidido e que não se comporta como um adolescente mimado. É por isso que damos crédito a você. E outra, não vamos ficar discutindo normas de convivência ou coisas do tipo porque somos todos adultos aqui e sabemos nossos limites. Sinceramente, eu não tenho muito o que dizer não.

– Bem, mas eu tenho. – disse o pai do Caio – Seus pais, sua família. Um dia ou outro, você vai precisar se reaproximar deles. Eu sugiro que você não faça isso agora. E digo mais, sugiro que você espere que eles venham até você. Mas o que é mais urgente, é que você saiba que eles estão errados, que o que eles disseram ontem só demonstra a fragilidade que eles têm diante dessa situação.

– O senhor quer dizer que meus pais são ignorantes. – eu disse.

– Não disse isso!

– Tudo bem, porque eu vi ontem que são. E isso não foi uma pergunta, foi uma afirmação minha.

– Mesmo assim, não os considero ignorantes. De qualquer forma, você não pode esquecê-los, abandoná-los como eles fizeram com você. Você tem que tentar uma reaproximação. Seja daqui a alguns dias, meses ou anos. Mas isso tem que ser feito.

– Tudo bem.

– Por hora fique tranquilo, você tem lugar garantido!

E o café da manhã acabou.

Tomamos café normalmente. Os pais do Caio foram trabalhar logo cedo, como de costume e ficamos Caio e eu em casa. Eu não queria ser um fardo para ninguém, odeio ser inconveniente, mas tudo realmente dizia que eu era bem vindo. Quando ficamos sozinhos, eu perguntei:

– Os seus pais foram sinceros em tudo o que disseram?

– Claro! – disse o Caio enquanto tirava a mesa.

– Você sabe que tenho pavor em ser inconveniente.

– Sei.

– Me diz uma coisa: o que você acha que os seus pais estavam cochichando antes de chegarmos?

– Sinceramente? Acho que sobre os seus pais.

– Sabia.

– Mas não da forma como você está pensando. Meus pais não acham os seus ignorantes. Bem, eu acho que são, mas eles não. Na certa, meus pais estavam discutindo a atitude deles.

– Em outras palavras: seus pais acham os meus ignorantes. Pode confirmar, eu não ligo mais.

– Eu sei que você não liga, mas não foi isso. Tenho certeza.

– Certeza?

– Marlon, meu pai é antropólogo, lembra? Minha mãe fez Antropologia também, mas não terminou a especialização. Mas meu pai sim. Ambos pensam de maneiras diferentes. Ambos têm uma visão mais aguçada sobre as atitudes humanas. Nada pode ser considerado ignorância para eles.

– Tá, tudo bem.

– Mozão, liga para o Tom ou para a Cláudia e avisa que a gente não vai, tá?

– Tá.

Eu fui até a sala e liguei para o Tom.

– Tom?

– Oi, Caio.

– É o Marlon.

– Nossa, nem reconheci a voz. Só vi o número e… enfim.

– Só liguei para avisar que eu e o Caio não vamos pra aula hoje. Aí, qualquer coisa, você dá um jeito, tá?

– Por que vocês vão faltar? Vão fugir do país? – brincou ele.

– É uma longa história.

– Hum!

– Sério, Tom.

– Então tá, pode deixar.

Não havia muito que fazer. Depois que o Caio lavou os pratos, ele veio para sala. Eu estava vendo TV. Ele se sentou ao meu lado e ficamos assistindo juntos.

– Por que você não aceitou minha ajuda para lavar os pratos?

– Ah, porque eu lavo sempre.

– Mas agora eu vou passar um tempo aqui, não é? Então, deixa eu te ajudar na casa.

– Tá, depois a gente vê isso.

– Não, nada de depois. Não me trate como hóspede.

– Tá, Marlon, depois a gente vê isso. Agora eu já lavei os pratos e não há nada para fazer.

Ele deitou a cabeça dele no meu colo e eu fiquei fazendo cafuné.

Ficamos vendo televisão até a hora em que o Caio teve que ir de novo para a cozinha, para fazer o almoço.

– Bem, agora eu vou ajudar, não é?

– Não, você só vai atrapalhar.

– Nossa, que grosso!

– Hahahahahaha, benhê, eu não deixo nem minha mãe entrar na cozinha quando eu estou cozinhando. Quiçá você, não é?

– Isso, vai me humilhando.

– Hahahahaha, vem cá, vem. Dá beijinho.

Ele me pediu um selinho, enquanto cozinhava o molho do macarrão. Sem tirar as mãos da panela, ele esticou o pescoço para trás e fez biquinho. Depois ele voltou toda a sua atenção para a panela. Eu, como não tinha nada para fazer, fiquei ali colado nele.

Enquanto ele mexia a colher de pau, eu o abracei por trás e pus o meu queixo em cima do ombro dele.

– Tem certeza que não quer que eu ajude? – eu sussurrei.

– Você já está ajudando: está me dando amor. Você não sabe que o melhor tempero é o amor?

– Nossa, que coisa mais Sazon!

– A idéia é essa.

Eu fiquei dando beijinhos no pescoço dele, enquanto ele cozinhava três panelas de uma só vez. Uma hora ou outra ele tinha que ir à pia fazer não sei o quê, ou ir até a geladeira pegar alguma coisa.

Nessas horas eu o agarrava no meio da cozinha e o enchia de beijos. Ele aceitava alguns beijos, mas na maioria das vezes ele recusava.

– Marlon, a carne vai queimar!

– Só um beijinho.

– Não. Sai da minha cozinha, seu chato. – brincava ele.

– Hahahahahaha, não!

– Marlon, me solta. A carne já está queimando!

– Me dê um beijo e eu te solto.

Ele me selava rápido.

– Assim não vale, eu quero um beijo de verdade.

– Ai, você não acredita no meu beijo? Que horrível! O que importa é a qualidade e não a quantidade.

– Beijo!

– Marlon, a carne!

E me batia com a colher de pau.

Outras vezes ele me chamava para provar uma coisa ou outra. O Caio é um cozinheiro de mão cheia.

– Eu não disse que um dia você iria viver para cozinhar para mim?

– Eu estou fazendo o favor… veja bem: o favor, o favor de deixar um resto para você. Eu não sou má pessoa, pois, já que eu vou cozinhar para mim… veja bem: para mim, para mim, aí não custa fazer um pouco a mais e te dar. Mas eu não cozinho para marmanjo não!

– Nem para o seu marmanjão?

– Muito menos.

O telefone toca.

– Atende lá, amor, para mim.

Eu fui até a sala e atendi.

– Alô?

– O Caio?

– Quem fala?

– É um amigo.

– Que amigo?

A outra pessoa na linha fez silêncio.

– Alô?

– Pode chamar o Caio, por favor?

Reconheci a voz.

– Vinícius?

– Isso. Agora pode chamar o Caio?

Eu pensei em berrar, brigar, xingar… Mas não; eu chamei o Caio.

– CAIO, TELEFONE! – gritei.

Ele veio com um pano de prato enxugando as mãos.

– Quem é?

– É o Vinícius! – disse bravo.

Ele me olhou, fez cara de sério e depois riu. Ele ficou rindo sem parar.

– Está rindo do quê? – perguntei bravo.

– De você, oras. Diga que eu não estou.

– Eu não, venha você dizer.

– Faça melhor: diga que o meu namorado não deixa.

– Dizer ao Vinícius que sou gay?

– Ué, você não já disse isso para os seus pais? O que é que tem o Vinícius saber?

Eu ainda não havia me tocado nisso.

– Então tá. – peguei o telefone – Alô?

– Caio?

– Não, aqui é o Marlon.

– Marlon?

– É, o namorado do Caio. Olhe, me faça o favor de não ligar mais para ele. Eu não quero você rodeando o meu namorado. DEIXE-O EM PAZ! – berrei.

– Hã?

– É isso mesmo. Você é surdo? Não quero você ligando para cá.

– Você e o Caio namoram?

– É, algum problema?

– Mas… tá, tchau.

– Adeus!

E bati o telefone. Fiquei irado com aquilo. O Caio, que estava encostado na porta da cozinha, ficou me olhando.

– O que foi?

– Estou tão orgulhoso do meu Marlonzinho-zinho-zinho.

– Para!

– Não paro, não. – e veio até mim.

Ele se aproximou, jogou o pano de prato em cima do centro de mesa e me beijou. Eu estava resistente ao beijo, pois ainda estava chateado.

Mas há muito que eu sabia que o Vinícius era passado na vida dele e sabia também que ele não tinha culpa de nada.

O beijo foi ficando intenso, então eu comecei a participar. Eu abracei a cintura dele e comecei a envolver as nossas línguas. A coisa foi esquentando, eu fui ficando excitado e ofegante e os nossos pênis ficaram duraços. Mas logo depois:

– Ai, a carne vai queimar!

Quando os pais do Caio chegaram à noite, estávamos vendo TV juntos. Namorando um pouco, para falar a verdade. Mas nos comportamos quando ouvimos o tilintar da chave na porta. Eles deram boa noite e foram direto para o quarto. Depois voltaram com roupas mais confortáveis e aparentemente eles tinham tomado banho.

Foram jantar.

– Tem torradas, se vocês quiserem! – falou o Caio da sala.

– Você fez café? – perguntou a mãe dele.

– Está na cafeteira, oras!

Depois que eles jantaram, foram para a sala.

Ficamos vendo TV juntos. Era constrangedor para mim. Mesmo os pais do Caio aceitando a sua sexualidade e o fato de o namorado dele estar junto, ainda assim era estranho. Eu fui condicionado acreditar que pais e filhos gays nunca poderiam se dar bem. Mas eles eram diferentes do convencional.

– Marlon, alguma notícia da sua família? – perguntou o pai do Caio enquanto olhava as correspondências.

– Não, nada. – respondi meio triste.

– É assim mesmo. Depois eles vão ver que têm um grande filho. – e saiu.

Depois de algum tempo, a mãe do Caio também foi dormir.

– Seu pai é tão legal que às vezes me incomoda. – sussurrei.

– É verdade!

Fomos dormir logo depois.

No dia seguinte, fomos à aula normalmente.

Chegamos e fomos logo procurar pela Claudinha e o Tom. A Claudinha tinha chegado, mas Tom ainda não.

– Oi, lindos!

– Oi, gata! – respondeu o Caio.

– Por que não vieram ontem? Tom me disse que vocês ligaram para ele.

– É, fui eu quem ligou

– E aí, que mistério é esse?

– Eu fui expulso de casa…

– Não? – disse ela surpresa.

– É sério! – respondi.

– Que absurdo! Me conta tudo, agora…

E fomos contando. No meio da história, o Tom chega.

– Tom, vem para cá que você precisa saber disso! – intimou a CláudiaDepois de todas as lamentações:

– Cara, teus pais… Puta merda, hein? – disse o Tom revoltado.

– Eu só queria que vocês soubessem mesmo, mas eu não quero mais falar disso.

Assistimos aula normalmente. No intervalo, fomos para a lanchonete e lá a conversa se estendeu.

– Eu só fico meio bolado de ficar na sua casa e… eu tenho que arrumar um emprego.

– Marlon, você sabe que não precisa de nada disso.

– Mas é ruim desse jeito. Eu preciso de roupas, de calçados, de coisas minhas. Não posso pedir que seus pais me comprem.

– Não duvido nada que eles te ofereçam tudo.

– O que é pior ainda, pois eu não quero isso.

– Pare de pensar que é inconveniente, mozão. Para de pensar que é despesa.

– Mas eu também não posso ficar de mãos cruzadas, Caio.

– Bem que você poderia ir na casa dos seus pais pegar as suas coisas. – disse o Tom.

– Meu pai me proibiu de levar alguma coisa que não fosse a roupa do corpoChegando em casa, de ônibus, pois eu não tinha mais o carro, Caio e eu nos deparamos com uma surpresa. O porteiro do prédio nos chama a atenção:

– Seu Caio, deixaram uma mala aqui para o senhor.

– Para mim?

– Sim.

Fomos até a portaria e encontramos quatro malas, na verdade. O Caio não as reconheceu, mas quando eu vi…

– São minhas! – as lágrimas brotaram dos meus olhos.

O Caio foi puxando as malas, que estavam pesadíssimas. Eu não consegui fazer mais nada. Sentei em um dos bancos da portaria e chorei. O Caio veio puxando as malas até mim.

Quando ele chegou, sentou ao meu lado e me abraçou.

– Foi melhor assim, meu amor.

– Caio, agora eu sei que não tenho família. – chorava.

– Tem a mim. Eu te prometo nesse momento que eu nunca vou te abandonar, mesmo que você não me queira mais. Mas não chora assim. A gente vai construir a nossa vida, você vai ver.

Ficamos um tempo ali abraçados naquele banco. Eu chorava descompassadamente e ele chorava por solidariedade a mim.

Depois subimos, cada um com duas malas. Colocamos as malas no quarto do Caio. Do nada, ele diz:

– Que cheiro de merda!

– Hã?

– É, não sente?

– Não.

Ele ficou tentando achar a fonte do fedor. De repente ele abre uma das malas e encontramos fezes dentro da mala e um cartão. Ficamos surpresos.

– Tem um cartão! – disse o Caio – Que nojo, que horror!

Eu peguei o cartão, que dizia:

“Viado é para viver na merda!

Seu ex-irmão”

O Caio pegou a mala e abriu. Era uma mala grande, daquelas de rodinhas. Ele a deitou no chão, pegou o zíper numa extremidade da mala e o arrastou até a outra, deixando a mala totalmente aberta. Quando nos deparamos com aquilo, ele, que estava agachado, se levantou em um pulo e ficou ao meu lado. Depois, vimos que tinha um bilhete. Quando eu li, não sabia o que dizer, pensar ou agir. O Caio pegou o bilhete e leu também.

– Que nojo!

Ele saiu do quarto com o bilhete. Provavelmente foi jogar no lixo. Eu me sentei na cama e fiquei olhando para a mala, pasmo. Apoiei meu rosto nas minhas duas mãos e fiquei observando aquele ato covarde. “Tudo isso é ódio que o meu irmão sente por mim!”, eu pensei. Quando o Caio voltou, me viu chateado:

– Ao menos ele só sujou uma blusa. O resto parece que está limpo. Vamos ver as outras malas.

Uma tinha só livros e cadernos, a outra tinha calçados e meias. Na última tinha mais livros, o meu laptop, celular, bateria do celular e outros aparelhos eletrônicos. Nada estava sujo, só aquela mala.

– Bem, pelo menos o resto está intacto, aparentemente.

Eu nem dava muita atenção ao que o Caio dizia ou às outras coisas que não foram sujadas.

Eu só conseguia olhar para a mala com fezes.

Quando o Caio terminou de examinar as malas, ele veio se sentar ao meu lado.

Abraçou-me, tentou por a minha cabeça no seu ombro, mas eu não quis consolo naquele momento. Ele percebeu e só ficou sentado, calado. Um misto de ódio e tristeza tomou conta de todos os meus sentidos.

– Ele me odeia! – disse seco.

– E daí? Ele não é ninguém.

– É o meu irmão.

– Não é mais.

– É, Caio. Ele é o meu irmão.

– Irmão não faz esse tipo de coisa.

– Ele sim.

– Marlon, olha para mim. – ele tentou puxar o meu rosto para vê-lo.

Eu estava muito irado e, portanto, peguei a mão do Caio e a afastei.

– Marlon, olha para mim! – pediu ele mais uma vez.

– Não quero conversar, não quero paparico, não quero nada.

– Quer ficar olhando para a bosta do seu irmão?

– Talvez.

– Está bom então. Espero que a bosta do seu irmão agrade a sua visão. – e saiu bravo.

Obviamente aquele era um ato do meu irmão unicamente. Não acreditava que os meus pais, ou o meu pai especificamente, fosse pedir para ele fazer isso.

Na certa eles pediram para o meu irmão trazer as malas e ele quis deixar o seu recado.

Eu sempre fui muito ligado ao fator sangue.

Eu sei que família é aquela que nos ama, que pais são aqueles que criam, que irmãos são aqueles que escolhemos, mas eu sempre dei muito valor ao sangue. Afinal de contas, uma mãe já não ama seu filho antes mesmo de nascer? O mesmo me acontecia. Eu sempre tive planos para ser pai. Eu sempre quis adotar uma criança, mas não sem antes ter um filho biológico.

Depois de tanto refletir, lembrei que tinha sido grosseiro com o Caio. Então fui procurá-lo. Ele estava na cozinha, bebendo água.

– Desculpa, amor!

– Tudo bem.

– Eu sei que não está tudo bem, eu te conheço.

– Não conhece tão bem assim.

– Desculpa.

– Eu já disse que você está desculpado.

E saiu da cozinha. Eu fui atrás.

– Caio, não faz assim, eu estava abalado, poxa!

Ele foi para o quarto. Quando eu cheguei lá, o encontrei pegando a blusa suja, com muito cuidado. Depois ele foi até a área de serviço, pegou um saco plástico e pôs a camisa dentro.

– O que você vai fazer?

– Jogar isso no lixo.

– Me dá, deixa que eu faço isso.

– Já estou fazendo.

– Eu quero fazer isso, Caio.

– Tá bom.

Ele me deu a camisa com cuidado e abriu a sacola para mim. Eu enfiei a blusa e amarrei o saco. Depois fomos indo em direção ao térreo. Colocamos a sacola no lixo.

– Pronto! – eu disse.

– Agora vamos subir e arrumar suas coisas.

Nas escadas, eu perguntei:

– Você está chateado comigo?

– Fiquei, mas não estou.

– Desculpa.

– Se você pedir desculpas mais uma vez, eu vou jogar você junto à bosta do seu irmão.

Cada um ficou com uma mala.

– Veja se as outras roupas não ficaram sujas também.

– Não ficaram, eu já vi, Caio.

Ele foi pegando os meus livros e arrumando um lugarzinho para eles na estante do quarto.

– Tem uns livros que você tem que eu tenho também. Então eu vou colocar os repetidos na dispensa, tá?

– Ok.

Depois dos livros, ele foi para os calçados.

– É uma pena que você tenha o pé tão grande. Você tem uns tênis legais.

– Já quer surrupiar os meus tênis?

– Surrupiar algo que está na minha casa? Isso não é roubo, querido, é uso devido do proprietário.

– Hahahahahahaha.

– Já dobrou todas as roupas?

– Não, ainda não. Também tem roupas que já estavam sujas. Vou colocá-las na máquina.

Parecia um grande mutirão de limpeza e organização. Quando terminamos, os pais do Caio chegaram. Ainda faltava encaixar algumas calças no guarda-roupa.

– O que fazem, meninos?

– Arrumando as coisas do Marlon, mãe. O irmão dele veio trazer.

– Ah, que bom. E vocês conversaram? – ela me perguntou.

Eu e o Caio nos olhamos. Depois eu respondi.

– Não. Quando chegamos, as malas já estavam na portaria.

– Mas ele deixou algum recado?

– Não! – respondeu o Caio rapidamente.

Eu não entendi o porquê de ele ter feito isso, mas não o desmenti. Calei-me.

Depois da grande arrumação, fomos tomar banho. Antes de o Caio sair do banheiro, eu já estava entrando. O encontrei de toalha em frente ao espelho.

– Ainda me sinto sujo daquela camisa.

– Eu também. Parece que não sai do corpo.

– É.

– Por que você disse que não tinha recado?

– Porque… não sei.

– Mentira. Eu te conheço e conheço muito bem sim.

– Porque se meu pai souber disso, ele vai ficar muito puto da vida e vai lá na sua casa. Aposto!

– Mas você não disse que isso não é ignorância para o seu pai?

– Mas o seu irmão ultrapassou a linha do respeito. Para meu pai essas coisas não há nada que explique. Quer dizer, até tem, mas ele ficaria puto do mesmo jeito.

– Você tem tanto medo assim que o seu pai fique puto?

– Não é medo, é só que, por mim, os seus pais e irmão ficam lá e a gente cá. Está bom assim.

– Tá, agora sai para eu tomar banho.

– Quer ajuda para esfregar as costas? – perguntou ele maliciosamente.

– Hum, proposta interessante!

– Tá, eu vou chamar minha mãe para fazer isso: MANHÊ! – gritou.

– Ta louco?

– Hahahahahahaha, tarado!

No jantar, o pai do Caio começa.

– E você, como se sente?

– Ah, eu só percebi hoje que fui expulso de casa. Quando eu vi as malas lá embaixo, não me contive.

– Um dia eles vão te aceitar.

– Não acho que o meu irmão faça isso.

– Eu acho.

– Como o senhor tem tanta certeza?

– Porque quem mais tem raiva, geralmente é porque se decepcionou de forma muito intensa. E quem se decepciona assim, é porque ama muito aquilo que perdeu. Eu acredito nisso.

– Bem, eu duvido.

– Quem sabe?

– Ah, tem outra coisa: eu vou arrumar um emprego.

– Ai, lá vem você com essa história de novo! – disse o Caio.

– Mas, Caio…

– O Marlon está certo, Caio. Marlon, eu não aprovo isso porque ache que você é uma despesa. Longe disso. Mas agora, mesmo que você tenha a gente, você saiu da sua casa original e precisa provar a vida adulta. Mas você não precisa ter pressa por fazer isso. Na verdade, por mim, você poderia ficar sem trabalhar mesmo. Mas eu apoio você nessa decisão.

– Mas eu ficaria sem trabalhar… ? Como assim?

– Ah, não sei. Quem sabe os seus pais não ficariam com ciúmes de mim e veriam que você, teoricamente, não sente falta e nem precisa deles? Eu acho que é por aí. Não pelo ciúme, é claro. Eu estava só brincando, mas acho que os seus pais vão sim sentir sua falta porque você é um bom filho e a sua sexualidade não anula de jeito nenhum o filho que você foi. Mesmo que eles nunca aceitem. Mas eles não aceitam justamente porque te amam. Se eles não amassem, ignorariam.

– É, tem razãoNa aula seguinte, tudo ocorreu normalmente. Exceto quando fomos embora.

De longe, Caio e eu vimos o Vinícius que, aparentemente nos esperava.

– O que esse cara quer aqui? – eu perguntei.

– Esse cara? – perguntou o Caio.

– O Vinícius, ali.

O Caio olhou para frente e avistou o Vinícius. Ele me olhou, fez uma cara de estranhamento e perguntou:

– Que estranho!

– Nós vamos lá?

– Vamos, vamos sim. Quanto antes, melhor.

Eu e o Caio estávamos tão unidos e eu me sentia tão seguro ao lado dele que nem mesmo tive ciúmes. Eu só não gostava muito da presença dele por tudo o que ele fez o Caio passar e também pelo fato de que ele gostava um pouco do meu namorado.

Na verdade, naquele momento, eu não sabia quais eram os sentimentos do Vinícius em relação ao Caio, mas ele ligava para a casa dele à sua procura, para “matar as saudades”. Então, eu não sabia o que pensar, de fato.

– Então é verdade! – disse o Vinícius.

– É. – respondi seco.

– Eu nunca pensei que você fosse, Marlon.

– Posso dizer o mesmo de você.

– Seus pais… ?

– Não moro mais lá. Moro com o Caio agora.

– Você foi expulso?

– Sim.

– Foi a primeira coisa que eu pensei quando você disse pelo telefone que namorava o Caio. Eu conheço os seus pais, o seu irmão. Ah, nossa! O seu irmão… conheço bem como eles são e imaginei que eles não tivessem aceitado de jeito nenhum. Sabe, eu estou ensaiando o dia em que eu vou assumir também. Chegou a um ponto em que não dá mais para esconder. Me sinto sufocado dentro de casa e os meus pais perguntando sobre as namoradas… é um tormento constante.

Depois, o Vinícius olhou para o Caio. Olhou-o fixamente. Depois sorriu. Não gostei.

– Oi, Caio.

– Oi.

– Então…

– Então…

– O que você veio fazer aqui? – eu perguntei.

– Vim ver isso de perto.

– Não somos uma atração de circo!

– Eu sei, Marlon. Não vim brigar. Longe disso. Na verdade eu vim mais para a gente resolver isso entre a gente.

– O que há entre a gente?

– Marlon, eu sei que você não gosta nem um pouco de mim. Mas eu… Ok, eu não posso negar. Eu, eu não sei mais o que fazer. Os caras me excluíram mesmo. Nem para o futebol eles me chamam mais. Eu só tinha aquele grupo de amigos, agora não tenho mais ninguém. – ele pausou, respirou fundo e continuou – Bem, já que é para falar toda a verdade, eu só estava ligando para o Caio porque ele seria a única pessoa que me entenderia e que talvez me fizesse companhia. Quem sabe até eu me apaixonasse de verdade, mas eu não liguei por isso. Liguei porque queria companhia mesmo.

– Sei.

– Vocês me entendem…

Ficamos calados. Tive pena, não posso negar. Tive mais pena porque sabia de tudo o que ele sofria. E o Caio então… bem, o Caio além de não guardar mais nenhum rancor, ainda era o maior defensor da união “da classe”, como ele chama. Mas o Caio aparentava ter maior resistência do que eu para apoiar o Vinícius.

– Vinícius, porque você não faz o seguinte: dá um tempinho para eu e o Marlon conversarmos. Depois a gente te liga, te manda um sinal.

O Vinicius colocou a mão no bolso, estava com um semblante bem tristonho, mas concordou e saiu. Depois que ele saiu, eu e o Caio conversamos.

– Estou com pena dele, mesmo depois do que ele fez.

– Eu também, Marlon. Mas tem outras coisas em jogo. O Vinícius está sozinho e tal, precisa de apoio… tudo bem, eu entendo. Mas o Vinícius tem uns desvios de caráter que não me agradam nem um pouco.

– É, eu sei. Mas quem sabe isso não é decorrente da vida que ele levou? Uma vida da qual a gente já provou.

– É, eu entendo. Eu não acredito que voltaremos a ser grandes amigos e coisa do tipo. Quer dizer, voltaremos não, nos tornaremos.

– Eu confio em você. Confio muito. Na verdade eu nem me senti inseguro agora. Mas eu quero te perguntar e quero que você me responda olhando nos meus olhos: você ainda gosta dele?

– Não. – respondeu ele carinhosamente – Nunca senti o que sinto hoje. É diferente com você. Somos praticamente casados. Se faltava morarmos juntos, agora não falta mais e não me sinto incomodado com isso. Eu não sei explicar, mas eu sinto que tenho um homem de verdade do meu lado e para ser bem sincero, adoro tudo entre a gente. Principalmente o sexo.

– Eu só não consigo imaginar nós três juntos. Saca?

– Sim, pois é a mesma coisa que eu estou pensando: não vejo problema no fato de a gente ficar na presença dele e tal. Tentar formar uma amizade. Eu só não consigo imaginar essa amizade, eu não consigo ver nós três juntos num mesmo lugar.

Era algo a se pensar com cuidado.

Depois da aula fomos para a sorveteria, mas a mãe do Caio dispensou a gente, então fomos para casa

Com mais ou menos dois minutos que havíamos chegado em casa, o meu celular toca.

O identificador de chamadas acusou “Pai”.

Eu tremi.

– Caio, é o meu pai.

– Atende, atende!

– Alô?

– Marlon? Venha visitar a sua mãe aqui no hospital, ela está chamando por você.

– No hospital? O que aconteceu?

– Venha, a gente conversa aqui.

Eu já imaginava o pior.

O Caio veio ter comigo.

– Hospital? Ela está bem?

– Eu não sei, ele não disse nada.

O Caio me abraçou forte.

– Vá, vá depressa!

– Vem comigo!

– Não. Melhor não.

– Mas eu vou só?

– É melhor assim, amor. Sua mãe não vai querer me ver lá.

– Tem razão.

Peguei um ônibus e fui aflito até lá. Quando cheguei, liguei para o meu pai.

– Estou aqui na recepção.

– Suba para o quarto andar, no apartamento XX.

– Ok.

Quando eu cheguei, encontrei meu irmão no corredor tomando café. Antes mesmo de eu falar alguma coisa, ele me atacou:

– Fique ciente que isso é culpa sua.

– Onde é o quarto?

– O que acontecer é culpa sua.

Todo ódio que eu senti por ele no dia anterior, tinha passado. Eu sentia pena, no sentido de que eu o achava inferior, burro.

– Vai dizer onde é o quarto? – perguntei impaciente.

– Tá tirando com a minha cara?

Agitei a cabeça em sinal negativo, soltei um “tsc, tsc, tsc” e dei as costas. Logo vi o meu pai saindo de um dos quartos do corredor:

– Pai?

– Entra. – disse ele seco.

O que eu vi quando entrei não era nada parecido com o que estava imaginando.

Pelo tom de voz do meu pai ao telefone, pelas ameaças que o meu irmão fez no corredor do hospital, pela situação em que nossa família se encontrava, me fizeram pensar coisas horríveis.

Imaginei minha mãe em coma, em estado vegetativo, ou alguma coisa que denotasse gravidade. Quando eu entrei no quarto, não era nada do que eu imaginava. Minha mãe estava sentada na maca, tomando um copo de água e com um médico dizendo que ele deveria passar alguns dias sem se estressar.

Ela estava aparentemente bem, considerando a minha imaginação fértil.

– Filho?

– Mãe, o que houve?

– Nada de mais, foi a minha pressão que caiu.

– E os remédios?

– Desde que você saiu de casa que eu não tomo.

– Mas, mãe, não pode!

O médico saiu. Ela começou a demonstrar muita tristeza e eu fiquei muito comovido.

– Meu filho, volte para casa.

Eu olhei para ela, depois olhei para o meu pai que me olhava sério. No fim, não consegui dizer nada, mas ela continuou:

– Eu não quero que você ache que é chantagem emocional, mas eu só passei mal por sua causa. Por favor, volte para casa.

– Eu posso voltar, se é o que vocês querem. – disse eu sorrindo e chorando.

– Você volta mesmo?

– Volto, mãe.

– Ah, meu filho, que bom!

E ela me abraçou.

Pronto! Tudo entre nós estava resolvido. Eu voltaria para a minha casa, para o seio da minha família e seriamos felizes.

Ainda abraçados, minhas mãe completou:

– Mas tudo tem que voltar a ser como era antes.

Continuei abraçado, tentando imaginar o que ela queria dizer com aquilo. Sabemos bem o que ela quis dizer, mas eu ainda não acreditava.

– Como assim? – eu perguntei para ela.

– Você vai voltar para casa e vamos fingir que nada aconteceu. – disse o meu pai.

– Ainda não entendi.

– Meu filho, preste atenção: – disse a minha mãe calmamente – você volta para casa e esquecemos tudo. Não vamos fazer nada contra você, mas você tem que fazer a sua parte.

– E o que seria a minha parte?

– Voltar a ser homem! – disse o meu pai atrás de mim.

Ficamos calados um tempo. Eu tentava digerir aquilo tudo. O susto de minutos antes em relação à saúde da minha mãe, a grosseria do meu irmão no corredor, a aparência melancólica da minha mãe, um quarto bege de hospital e essa “proposta”.

– Eu sou homem!

– Marlon, ou você volta a ser como era antes, ou nada feito.

– Então nada feito!

– Meu filho, por que você tem que teimar assim? – perguntou minha mãe.

– Eu não estou teimando. Vocês não veem que isso não é brincadeira?

– Isso é pura safadeza, isso sim! – disse o meu pai bravo.

– Não é, pai. Eu… eu já passei muito tempo sofrendo, sem compreender o que eu tinha, mas agora que eu sei e que me sinto bem assim não vou mudar algo que é natural.

– ISSO FOI AQUELE VIADINHO PEQUENO QUE BOTOU NA SUA CABEÇA. – ele berrou.

– Isso é de mim.

– Esse não é o meu filho. Eu não reconheço isso aí! – disse ele apontando para mim.

– É uma pena, pois eu saí daí – eu disse apontando para o pênis dele.

– Me respeite, rapaz!

– Eu respeito. Vocês acham o quê? Que eu sou assim por opção? Acham mesmo que eu iria escolher ser assim, para ser humilhado por vocês e por todo mundo?

– Meu filho, mas você pode se curar… – disse a minha mãe.

– Mãe, por favor, pare com isso. Isso me magoa… – meu pai me interrompe.

– E você acha que faz o que com a gente? Com a sua mãe? Ela esta nessa cama por sua culpa.

– Eu sinto muito que o que eu sou tenha causado tudo isso. Sinto muito mesmo, mas eu não posso fazer nada. – disse eu quase chorando.

O meu irmão entra no quarto, nesse momento e diz:

– Já vai chorar, boiola?

– NÃO FALE ASSIM, EWERTON! – berrou meu pai.

– Você não vale nada, desgraçado! – eu disse.

– Você também, Marlon, não fale assim com o seu irmão. Você é quem menos pode falar aqui.

– Eu?

– Claro! Quem é o bom filho aqui? – perguntou meu irmão.

– Por acaso eles sabem que você pôs merda dentro da minha mala?

– Hã? – exclamou minha mãe.

– Pois é. O filhinho perfeito colocou bosta na minha mala de roupa.

– E daí? Caguei mesmo lá dentro. Vai fazer o quê? Vai chorar?

– E então, vocês não vão dizer nada? – eu perguntei revoltado.

– O que você está fazendo é pior. – disse o meu pai.

– Então tá. Enquanto vocês esquecem que tem mais um filho, eu vou esquecer que tenho família.

– Você é um desnaturado, mal agradecido!

– EU NÃO PEDI PARA SER ASSIM! – eu gritei bem alto.

Comecei a chorar. Não estava aguentando aquilo. Era muita pressão. Mas enxuguei as lágrimas que podia, porque jorrava água dos meus olhos.

Era incontrolável. Olhei para o meu pai, depois para a minha mãe.

– Vocês não sabem a crueldade que estão fazendo comigo! – e saí.

Quando cheguei à porta, fui passando pelo meu irmão, que me empurrou. Eu me desequilibrei, mas não caí. Eu iria batê-lo, mas desisti.

– Está com medo, viado?

Vi que não valia a pena e, não sei como isso me veio à cabeça, mas eu disse:

– Você era o meu ídolo, Ewerton! – e saí.

Agora era eu quem não queria família biológica.

Saí do hospital convicto de que eu não tinha família biológica. Mais que isso. Eu não sentia a menor falta deles. As lágrimas só consolidavam o meu abandono em relação a eles e não o contrário.

Sim, eu fui abandonado por eles, mas eles me queriam de volta, mesmo que nessas condições absurdas. Mas eu agora não os queria mais sob condição nenhuma. Quando cheguei em casa, na minha nova casa, eu encontrei toda a minha nova família presente.

– Oi, amor, como foi lá?

Os três estavam jantando na mesa. Eu cheguei sóbrio, nem parecia que eu tinha chorado minutos atrás. Eu fui entrando e, quando olhei para o Caio e para os seus pais, não consegui segurar. Chorei. O Caio me abraçou e começou a se preocupar de verdade.

– O que foi, Marlon? Sua mãe está bem? – perguntou ele me sentando no sofá.

– Está, foi só a pressão.

– Mas o que houve para você estar assim?

– Eles me culparam por isso, disseram que ela tinha passado mal por minha causa.

– Marlon, você sabe que você não tem culpa de nada.

– Eu sei, eu sei, mas mesmo assim eles me culparam. Disseram que eu poderia voltar para casa se quisesse, desde que eu deixasse de ser gay.

– Não acredito. Ainda isso?

– É, é. Eu disse para eles que eu não poderia mudar, que eu não tinha escolhido ser assim. Eu disse que eles estavam sendo desumanos comigo. Eu até disse que o Ewerton pôs cocô na minha mala e eles nem disseram nada.

-Pronto, então está tudo resolvido. Eles não estão aceitando você, então você também não deve mais nenhuma satisfação para eles. – disse o Caio bravo.

– Caio, não diga isso! – disse o pai dele.

Eu nem havia percebido que os pais do Caio estavam na sala. Eles estavam sentados no sofá, mas eu e o Caio estávamos abraçados e o ombro do Caio tampava todo o meu rosto choroso.

– Mas tem que ser assim, pai.

– Nada disso. Não estimule o esfacelamento da família dele. Eles vão demorar um pouco para aceitar, isso é normal.

– E enquanto isso o Marlon fica sofrendo desse jeito? De forma alguma que eu vou permitir isso.

– Não está em suas mãos. E outra, isso foi mais um dia que o Marlon enfrentou. Isso não significa que vai ser sempre assim.

– Vocês dois não percebem que isso é uma vitória? – perguntou a mãe do Caio – Se os seus pais quiseram você de volta hoje, mesmo sob essas condições, significa que eles sentem sua falta. Significa que eles te amam e que esse sentimento está se sobrepondo à vergonha deles. Claro, isso vai demorar mesmo, mas eles estão sentindo um pouco de culpa por isso. Não percebem? Essa ida da sua mãe para o hospital. Se ela realmente passou mal por sua causa, coisa que eu acredito que foi mesmo, significa que ela não está se sentindo bem com essa situação, com o filho dela fora de casa. Ela está em crise, ela está entre ir de encontro ao que ela acredita e o que ela ama de verdade. Se o seu pai disse que você pode voltar, mas tem que deixar de ser gay, mesmo assim, ele está começando a sentir os efeitos dessa expulsão. Daqui a pouco, eles vão estar tão agoniados e se sentindo tão culpados pelo que fizeram, que vão te aceitar assim mesmo.

As palavras da mãe do Caio faziam todo o sentido. Tudo se encaixava perfeitamente.

Mas, ainda assim, eu estava triste e não queria saber da minha família por muito tempo. Mesmo que eu tivesse que manter o sentimento de conservação da minha família, acho que eu precisava de um tempo de revolta mesmo. Por que se para eles o que eu estava fazendo não era justo, para mim eles também não estavam sendo fáceis de lidar.

Decidi deixar o tempo passar para ver no que dava. Decidi não os procurar mais. E assim foi por um longo tempo.

O aniversário do Caio estava chegando e com ele vinha a minha análise de ano. Um ano que mudou minha vida por completo. Nem adiantava mais fazer uma festa surpresa, pois estávamos saturados delas. Até porque não tinha como fazer surpresa.

O Caio queria fazer uma festa na casa da tia dele, que fica no interior. É um sítio com piscina, riacho e um enorme pasto. Ao mesmo tempo em que o Caio queria que fosse uma festa simples, de poucas pessoas, ele queria que nos divertíssemos ao máximo.

Ele economizou cada centavo para contratar o DJ. Ele mesmo elaborou a decoração rave, que foi feita com materiais reciclados. Enfim, o Caio fez o que sempre costumava fazer: envolver as pessoas na sua teia da felicidade.

Dias antes da festa, o Tom nos pergunta:

– E aí, vocês vão convidar o Vinícius?

– Vocês? A festa é do Caio. – eu disse.

– Ai, Marlon. Nada a ver isso. Nem pense em botar o corpo fora nessa questão. Até porque eu só convidaria se você aprovasse e outra coisa, é “vocês” sim, afinal não somos um casal? Quase casados!

– Tudo bem, mas se você quiser convidar, eu não me oponho.

– Eu nem tinha pensado nessa possibilidade.

Passamos o resto do dia organizando as coisas que faltavam para a festa. Sim, pois nós iríamos na sexta, passaríamos o sábado no sítio e a festa só seria no domingo, ou melhor, do domingo para a segunda.

Ficamos confeccionando a decoração no nosso quarto. A Claudinha não pode ir. Depois que o Tom foi embora, o Caio me falou:

– A presença dele para mim tanto faz. O problema é o constrangimento. Espero que não fique um clima chato.

– Tem certeza que quer convidá-lo?

– Já disse que para mim tanto faz. Faço mais isso por causa da solidão dele. Apesar de que na minha cabeça, essa fase de angústias e tals não anulam o caráter duvidoso dele.

– Sinceramente? Eu não acho que o caráter dele seja duvidoso, foi mais aquela fase mesmo. Antes de você, o Vinícius era o meu melhor amigo. Não sei se isso vai te magoar, mas eu só estou aceitando isso porque sei que ele nunca gostou de você de verdade.

Estávamos deitados na cama. Ele estava deitado sobre mim, com a cabeça abaixo da minha. Quando eu me calei, ele se ergueu e me olhou nos olhos.

Achei que ele fosse brigar comigo, ou até mesmo me bater, porque logo depois do que eu disse, percebi que fui um pouco grosseiro com as palavras. Ele me olhou, respirou fundo e me beijou. Um beijo bem intenso.

– E quem disse que eu ligo? A única coisa que me importa hoje é esse macho gostoso que eu tenho aqui debaixo.

Rimos. Sabem aquele tipo de pessoa que sempre te surpreende? Não sei se é o amor que faz isso, que nos obriga a procurar qualidades a todo o momento naquele em que amamos, mas o Caio sempre me surpreendia.

E suas surpresas sempre eram bem humoradas. Ele sempre dava um jeito de levantar o meu ego.

Eu, no entanto, estava sempre tentando fazer o mesmo: surpreendê-lo. Mas quase nunca dava certo. A questão é que funcionávamos bem assim: ele como o combustível e eu como o motor.

Ele sentia prazer em ser essa pessoa para mim e eu… como não amar alguém que te chama de “meu lindo”, “mozão”, “coração”, “querido”, “amor”, “Marmarzinho”, etc. 24 horas por dia?

– Vamos fazer assim: você liga convidando. É melhor. Vai demonstrar que a gente está tranquilo em relação a isso. Só que vamos convidá-lo apenas para a festa e não para passar o fim de semana com a gente. Ok?

– Ok, Sr. Caio!

No dia seguinte, eu liguei para o Vinicius.

– Vinícius?

– Quem fala?

– Marlon.

– Oi cara, beleza?

– Sim. Escuta, o aniversário do Caio é nesse domingo, vai ser num sítio no interior. Queremos convidar você.

– Ah, legal! – disse ele todo animado – Me fala mais.

– Então, o sítio fica (…) e aí vai ser lá pelas vinte e uma horas, vai ser rave, então…

– Vai ser muito bom, pelo visto.

– Sim. Bem, então é isso: está convidado.

– Pode deixar, eu vou sim.

– Ok, tchau.

– MARLON, ESPERA! – gritou – obrigado pelo convite.

– Não tem de quê.

Desliguei.

– E então?

– É, ele vai.

– Tá.

– Ficou tão feliz com o convite. Precisava ver a voz dele de contente no telefone.

– Imagino.

Horas depois, estávamos na portaria do prédio. Os pais do Caio estavam se despedindo de nós, pois eles não iam para a festa. Desejaram-no felicidades e cuidado.

Depois, ficamos esperando o pai da Claudinha aparecer para levar a gente para o sítio. Nesse fim de semana só iríamos Caio, Claudinha, o namorado, Tom, Luciano, Luiza, mais umas três pessoas e eu:

– ‘SIMBORA’? – gritou a Claudinha do carro.

O pai da Claudinha desceu do carro e foi conversar com os pais do Caio. Saber da rota e tudo o mais que pais preocupados com filhos afoitos fazem.

Caio, Claudinha, o namorado e eu subimos e ficamos conversando na sala, enquanto o Tom e o Luciano não apareciam. Sim, o carro era uma van.

Depois de fazermos muitos planos para o final de semana, descemos, pois o Tom finalmente tinha chegado.

– Filho, pensei que não vinha mais. – brigou o Caio.

– Hahahahahahaha, adivinha o que ele estava fazendo, Caio? – perguntou o Luciano.

– Arrumando a mala?

– Pois é.

– Sabia! Por que não arrumou ontem? Eu não disse para você arrumar ontem?

– Sim, mas eu quis arrumar hoje. Vai bater em mim?

– Vou, vou sim. Venha aqui.

– Me bata e eu não dou o seu presente.

Quando o Tom disse isso, percebi que eu mesmo não tinha comprado o presente. Eu tinha esquecido completamente. Claro, eu nem poderia, pois estava sem dinheiro. Mas de qualquer forma eu havia esquecido. Fiquei louco.

– É não, meu pequerrucho. Eu te amo. – dizia o Caio com voz de bebê e, em seguida, com uma voz autoritária – Agora me dá meu presente. Já!

– Não, só dou no sítio.

– Te odeio.

– Odeia nada, cara de coruja.

Fomos, finalmente. Depois de muitos abraços, despedidas e recomendações paternas, pegamos a estrada. Fomos abraçadinhos no canto da van.

– Caio, eu me esqueci do seu presente – disse eu bem tímido ao pé do ouvido.

– Como assim?

– Esqueci, desculpa.

– Desculpa? Você acha que isso tem perdão?

– Eu sei, mas é que eu me esqueci completamente. Estava com a cabeça tão cheia que…

De repente o Caio começa a rir.

– O que foi?

– Ai, bobo, você acha mesmo que eu me importo? Eu já sabia que você não compraria nada. Nem poderia né?

– É – confirmei ainda tímido.

– E além do mais, eu sou muito contra a essa obrigatoriedade de presentes no dia do aniversário, no dia das mães, no dia da páscoa… Quem disse que o nosso amor pode se materializar numa embalagem bonitinha? Isso é só uma desculpa para as corporações nos fazerem de trouxas e comprarmos sem necessidade. O meu presente está aqui (apontou para o meu coração), aqui (apontou para a minha cabeça) e aqui…

Ele me deu um super beijo. Ele puxou meu pescoço de leve e o empurrou para junto de seu rosto. Deixou sua mão em minha nuca e me fazia carícias enquanto massageava a minha língua com a sua. Os nossos joelhos começaram a se esfregar um ao outro.

Só não avançamos mais o sinal porque a Claudinha nos viu beijando e gritou:

– TÁ NAMORANDO, TÁ NAMORANDO, TÁ NAMORANDO!

– Hahahahahahaha, notícia velha, meu amor! – o Caio disse.

– E daí? Tá namorando, tá namorando…

– Oh, Claudinha, se ainda fosse: “estão trepando, estão trepando!” eu daria valor, mas isso? – disse o Tom.

– VAI SE FODER! – eu gritei.

– Vou mesmo. Perder tempo com beijo? Isso é coisa de amador.

– Hahahahahahahahaha.

– É coisa de amador mesmo: eu amo, tu amas, ele ama, nós amamos… – disse o Caio.

– A piada acabou? Já está na hora de rir? Ok, deixa eu me preparar… Há-há-há. Pronto! – brincou o Tom.

– Está vendo, amor, o que o Tom faz comigo? Me defende!

– Tu já viu o tamanho do Luciano? – eu brinquei.

– Hahahahahahahaha, adoro medo espontâneo.

Quando chegamos, fomos correndo pegar os quartos. A Claudinha ainda ficou ouvindo um monte do pai dela. Ele estava morrendo de preocupação.

Também, que pai não ficaria numa situação dessas? Mas o resto do dia foi normal. Ficamos fazendo faxina na casa e esperando as outras pessoas chegarem.

O fim de semana prometia.

Depois que o pessoal chegou, começamos a fazer o jantar, pois já estava escurecendo e estava muito frio para entrarmos na piscina ou no rio.

O Caio ficou à frente da cozinha. Todo o resto eram seus ajudantes. Caio fez sua especialidade: macarronada!

Mas ele tinha preparado muito mais para aquela noite. Depois do delicioso jántar, onde ele ficou se gabando o tempo todo, durante toda a refeição, de que ele era “O Cara”, o “bam-bam-bam da cozinha”, “O melhor cozinheiro 4 ever!”. E nós, meros comilões, tivemos que passar o jantar inteiro aguentando as gracinhas do meu amor. Mas não podíamos negar que estava suculenta. Depois fomos para fora, para a grama no jardim.

– Vamos fazer um luau à moda antiga: todo mundo fica pelado e cantando, ok? – disse o Tom.

Fizemos uma fogueira e, como ninguém tocava violão, pegamos um minisystem e colocamos um CD para tocar.

Assamos milho na brasa e ficamos rindo à toa.

O Caio começou a me beijar forte. Eu achava aqueles beijos inocentes e nem percebi que o Caio queria algo mais. Eu retribuía os seus beijos e voltava para a cantoria. O Caio me pegava pelo pescoço e me beijava.

Depois de todos os beijos, eu voltava a boca para o canto. Quando o Caio veio me beijar de novo, ele mordeu o meu lábio.

– Ai, mozão, doeu!

– Vamos ver se agora você percebe que eu quero a sua atenção. – disse ele maliciosamente.

– Hã?

– Estou aqui há meia hora tentando chamar a sua atenção e você fica aí cantando.

– Nem percebi. – disse eu sem graça.

– Eu vou na frente e depois você vai.

– Tá, já já eu estou no quarto.

– Que quarto? Eu vou para perto da cerca, lá atrás da casa. Vai para lá, tá?

– Tem certeza? – perguntei com receio.

– Tenho! Vê se não atrasa, hein?

E ele foi. Depois de algum tempo, eu também saí. Foi difícil achá-lo. Estava muito escuro. Eu fiquei sussurrando o nome dele, e nada de ele me responder. De repente, eu ouço:

– Aqui!

Quando eu o encontro ele me agarra e diz no meu ouvido:

– Cadê o meu presente de aniversário?

Os lábios úmidos do Caio tocaram a minha orelha, me fazendo arrepiar. Uma voz baixa e rouca me exigindo algo inesperado.

– Aqui? – perguntei assustado.

– Claro! – respondeu ele docemente.

Ele me abraçou, tocou os seus lábios nos meus, mas não nos beijamos. Ele ficou acariciando o meu rosto com o nariz. Depois começou a esfregar o nariz no meu pescoço e me deu umas mordiscadas. Eu não contive o ânimo. Eu o abracei e nossas pernas ficaram entrelaçadas. Ele começou a chupar o meu pescoço e a amassar os músculos das minhas costas com as palmas das mãos. Ele estava violento. Ele estava terrivelmente excitado. Terrivelmente!

– Caio, calma!

Mas ele não me dava ouvidos. Ele me empurrou na cerca, cada uma de suas mãos me agarrou pelo pulso e ergueram os meus braços. Ele puxou a minha camisa e a pendurou na cerca.

Depois de muito eu ter pedido calma, ele me olha no fundo dos olhos e diz:

– Calma não!

Então ele me beija, mas não permanece muito tempo na minha boca. Seus lábios vão descendo para o meu peito. Ele lambe o mamilo e desce para o abdômem.

Eu só conseguia gemer e acariciar os seus cabelos.

Ele se ajoelhou e arrancou a minha bermuda. Eu fiquei de cueca em pleno pasto, no maior frio. Mas nem me lembrei desses pormenores. Ele tirou a cueca e pegou o meu pau com uma das mãos.

Como dizem, ele encheu a mão, pegou “com gosto”. Ele ergueu a cabeça, me olhou de novo e disse:

– Esse é só parte do presente.

E começou a me fazer sexo oral. Ele concentrava toda a sua atenção para a glande. Ele até lambia todo o comprimento do meu cacete, mas era na glande que ele se esforçava mais, fazia mais pressão.

Às vezes ele parava e só me masturbava, enquanto beijava o meu abdômem, ou a parte interna das minhas coxas.

Eu não percebi, mas enquanto ele fazia tudo isso, ele também tirava a bermuda dele com a outra mão. Quando ele se levantou, já estava sem a bermuda e sem a cueca. Ele me abraçou e os nossos paus se encontraram.

Estavam quentes e as veias e artérias pulsavam descontroladamente. A gente riu disso. Nos olhamos e percebemos que aquilo era loucura, mas foi engraçado.

Era tão doce. Tudo era doce. Até mesmo a inocência de cada sorriso era doce. Então nos beijamos timidamente e nos deitamos na grama.

– Meu presente, lembra?

– Claro! – respondi eu sorrindo e fui me posicionando.

– Não!

– Ué…

– Eu queria tentar algo novo entre a gente.

– Então você quer…

– É.

Eu fiquei um tempo calado. Na verdade eu não importaria em ser passivo. Desde a nossa primeira vez que o Caio evitava me por em situações diferentes de um ativo.

– Tá?

– Tá bom, estou curioso.

– É porque eu… sei lá, eu quero experimentar com você hoje.

– Não precisa explicar. É seu aniversário!

Então ele passou creme no seu pau. Nem sei de onde ele tirou aquele potinho…

Eu fiquei observando. Por um momento eu tive medo, pois, o que faltava de tamanho não faltava de grossura ao pau do Caio. Ele estava pronto.

– E agora?

– Agora vire de costas para mim, assim dói menos.

– Tá.

Ele pôs a palma da mão dele na minha nádega direita e a afastou, como se quisesse abrir caminho. Ele avisou que iria começar.

Foi complicado; até a hora de ele realmente se introduzir, ele tentou abrir. Ele não queria forçar, mesmo eu pedindo. Mas quando ele conseguiu, senti dor.

Soltei um pequeno gemido. Ele ficou um tempo lá dentro, depois ele começou a se movimentar de leve. Ele começou a me beijar o pescoço, mas ele parecia que estava sentindo muito prazer, então ele só ofegava. Eu ainda sentia dor e o Caio, com toda a sua experiência, disse:

– Relaxa o corpo.

– Estou relaxado.

– Não, você está me prendendo. Relaxa.

Ele falava tão carinhosamente que parecia impossível não relaxar. Ele começou a massagear as minhas nádegas com as palmas das mãos. Foi quando eu comecei a sentir certo prazer e foi quando também ele começou a acelerar os movimentos.

– Precisamos ser rápidos.

– Não para, Caio.

A grama estava úmida. Sentíamos um frio descomunal, mas estava muito gostoso para parar.

Quando ele alcançou o orgasmo, acelerou ainda mais os movimentos e gemeu com mais precisão.

Depois de um tempo ele parou e, sem que eu percebesse, pegou mais creme e me virou de costas para a grama, ou seja, eu estava deitado olhando para o céu. Ele passou creme em mim.

– O que é isso?

– Meu presente de aniversario.

Ele sentou em cima de mim. Depois ele foi me puxando, para que eu também ficasse sentado.

Ele se inclinou para trás, apoiou os dois braços na grama e forçou todos os nossos movimentos. Eu segurei sua cintura, para que ele não caísse.

Ele parecia tão cheio de tesão que desistiu de se apoiar e me abraçou. Deixou que eu tomasse conta dos nossos movimentos. A grama ao nosso redor já não estava tão fria.

Ele me beijou e ficou acariciando a minha nuca. Não demorou muito e eu já soltava gemidos vitoriosos.



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