Enquanto a ação da Tesla amarga fortes quedas em Wall Street nesta quarta-feira (13), com recuo de 2,30%, Elon Musk fica US$ 4,6 bilhões (algo em torno de R$ 22,88 bilhões) “mais pobre”, ou “menos rico” — e tudo por conta de um problema no piloto automático da montadora.
A fabricante de veículos elétricos anunciou o recall de mais de dois milhões de carros depois que uma agência reguladora dos EUA descobriu que o Autopilot, o sistema de assistência ao motorista da Tesla, apresentava um defeito.
O recall se aplica a quase todos os carros da montadora vendidos nos Estados Unidos desde que o Autopilot foi lançado, com recolhimento dos modelos S, X, 3 e Y lançados entre 2012 e 2023.
Segundo investigação da Administração Nacional de Segurança de Tráfego Rodoviário dos EUA (NHTSA), o recall ocorreu devido a uma falha no sistema de assistência ao motorista. A entidade apontou que o Autopilot pode não detectar corretamente se o motorista está prestando atenção.
O piloto automático da Tesla foi criado em 2015 para ajudar na direção. Os modelos atuais fornecem recursos de assistência na manutenção da faixa e navegação automatizada, mas ainda não tornam os veículos efetivamente autônomos.
Os detalhes do recall da Tesla
No recolhimento de carros atual, a empresa de Musk disse que enviaria uma atualização de software “pelo ar” para instalar novas proteções e corrigir o problema no piloto automático.
Segundo a empresa, a atualização acontecerá de forma automática e não exigirá que o motorista visite a concessionária ou oficina.
Na análise do jornal Barron’s, a atualização à distância reduz os gastos com o recolhimento dos carros, que costumam ser extremamente custosos para as montadoras.
Vale lembrar que esta não é a primeira vez que a empresa promove uma ação do gênero. Só neste ano, este é o segundo recall de veículos da Tesla.
Os problemas com o Autopilot foram, inclusive, alguns dos motivos para a fabricante de veículos elétricos ter sido expulsa do índice ESG do S&P 500 em meados de 2022. Na época, a empresa ainda demitiu diversos funcionários focados em melhorias na tecnologia do piloto automático.
É importante destacar que o recall de carros não é exclusivo da Tesla. As 10 maiores montadoras em atividade nos EUA recolheram cerca de 26 milhões de veículos até agora em 2023, incluindo a Toyota e a Ford.
A investigação dos carros da Tesla
A investigação da NHTSA já dura mais de dois anos e apura 956 acidentes envolvendo carros da Tesla quando o piloto automático estava supostamente em uso.
A agência reguladora afirma que o método do piloto automático para garantir que os motoristas estejam prestando atenção pode ser inadequado e levar ao “uso indevido previsível do sistema” por parte dos clientes.
“A tecnologia automatizada é uma grande promessa para melhorar a segurança, mas apenas quando for implantada de forma responsável”, escreveu a reguladora, acrescentando que continuaria a monitorar o software assim que fosse atualizado.
A Tesla não concordou com a análise da NHTSA, mas concordou em realizar voluntariamente o recall para dar fim à investigação.
A companhia de Elon Musk ainda admitiu que os controles do sistema “podem não ser suficientes para evitar o uso indevido do motorista”.
“As métricas de segurança são enfaticamente mais fortes quando o piloto automático está ativado do que quando não está ativado”, defendeu a empresa.
“Os dados são claros: quanto mais tecnologia de automação for oferecida para apoiar o motorista, mais seguro será o motorista e os outros usuários da estrada.”
*Com informações de Reuters, AP e Barron’s.